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Com o coração nas mãos

por Tobias Ferraz

para Gisele Parron, que trilha os caminhos abertos pelos grandes sábios


Um assunto que muito me toca é a sabedoria, sempre me encantou ouvir pessoas que sabem “traduzir as coisas da vida”. Na minha jornada encontrei gente sábia dos mais diversos tipos, inclusive muita gente analfabeta, com inteligência e vivacidade intelectual incríveis. Essa gente está aí, aliás sempre esteve mas nem sempre aparece, estou falando dos povos antigos, originários, de todos os lugares do planeta.


Estima-se que os primeiros nativos estabeleceram-se por aqui entre 20 e 40 mil anos atrás e a tal da civilização aparece de alguma forma há pouco mais de 9 mil anos.


Uma característica comum em várias culturas é a convivência em harmonia com o seu meio. Para muitos povos, a montanha, o rio, os astros, são parentes ou sagrados, os bichos e as plantas fazem parte da sua existência e têm significado no seu dia a dia.


A sabedoria dos povos tradicionais traz uma série de alertas para o povo “urbano e civilizado”.


Quando o yanomami fala que o rio é um parente, ele demonstra todo o respeito e carinho para com a fonte de água e de vida. Esses povos preservam as florestas há milhares de anos, entendem como ela funciona, conhecem os seus alimentos, seus remédios e seus venenos, tudo é respeitado.


Essa gente antiga conversa diretamente com os espíritos da floresta, com os espíritos da criação, ouvem suas vozes e aprendem a viver em harmonia com o planeta. Esses povos ouvem muito o coração, falam com o coração e fazem do coração um instrumento de fraternidade e equilíbrio entre os seres, entre todos os seres.

Neste momento, com inundações, secas, tempestades de areia e uma série de eventos extremos, vivemos uma oportunidade para reaprender a cuidar da Terra. Podemos mudar a forma de pensar e por consequência alterar a forma de viver. Não precisamos inventar muita coisa, basta olharmos para os povos antigos e reaprendermos a riqueza da simplicidade.


O ato de escrever é conhecido pelo uso da mente e das mãos, mas eu quero aprender a escrever com o coração, assim como os yanomami, os tukano, os bororo, os nagô, os bantu, os malê…


🌿❤️




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