Há um Poder dentro que sabe além dos nossos conhecimentos;
Somos maiores que nossos pensamentos,
E às vezes a Terra desvela esta visão aqui:
Viver, amar são sinais de coisas infinitas,
Amor é uma glória das esferas da eternidade.
Aviltado, desfigurado, falsificado por poderes inferiores
Que roubam seu nome e forma e êxtase,
Ele é, contudo, a Divindade pela qual tudo pode mudar.
Um mistério desperta em nosso estofo inconsciente,
Nasce uma beatitude que pode refazer nossa vida.
Como uma flor não aberta o amor reside em nós
Esperando por um rápido momento da alma,
Ou perambula por seu sono encantado, em meio a pensamentos e coisas;
O deus-criança brinca, ele busca a si mesmo
Em muitos corações e mentes e formas viventes:
Ele se demora, à espera de um sinal que possa conhecer
E, quando este vem, desperta cegamente para uma voz,
Um olhar, um toque, o significado de uma face.
Seu instrumento sendo a obscura mente corpórea,
Da introvisão celestial agora esquecida,
Ele se apodera de algum signo de encanto exterior
Para guia-lo em meio à multidão de sugestões da Natureza,
Ele lê, em semblantes terrestres, verdades celestiais,
Por causa da Divindade ele deseja a imagem,
Augura as imortalidades da forma
E toma o corpo como sendo a alma esculturada.
A adoração do amor, como um místico vidente,
Através da visão mira o invisível,
No alfabeto da Terra encontra um significado de Divindade;
Coração anseia por coração, membro clama por membro;
Tudo se esforça para afirmar a unidade que tudo é.
SAVITRI, Sri Aurobindo