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Positividade tóxica e Conhecimento de Si

Do que se trata esse termo “Positividade Tóxica” e como o Conhecimento de Si, a partir dos ensinamentos sobre o Espírito e o ser integral, pode nos trazer mais clareza e profundidade para o tema.


A positividade tóxica coloca em debate a aceitação das condições internas (dor e sofrimento) e condições externas (desigualdade nas estruturais sociais, econômicas, de gênero e raça). Por essa linha de pensamento parcial e limitado, passamos a acreditar na meritocracia, desconsiderando os problemas mundiais que a humanidade arrasta ao longo de gerações.


As respostas e questionamentos não são tão simples e não podem ser baseados na experiência individual de transformação da consciência operando de um modo automático e repetitivo, substituindo velhas por novas crenças e dogmas.


O Conhecimento de Si não nega nenhuma parte do Ser, mas reconhece em todos os níveis, desde o DNA genético, até o plano mais sutil, espiritual, a existência de forças da dualidade, da diversidade, o jogo dos opostos.


Felicidade e sofrimento são realidades inerentes ao Conhecimento e Ignorância. Segundo Sri Aurobindo, “só podemos conceber uma realização de felicidade positiva ou absoluta porque o coração, ao qual pertence esse instinto para a felicidade, tem sua própria forma de certeza, é capaz de fé, e porque a mente pode conceber a eliminação dessa carência insatisfeita que é a aparente causa do sofrimento.” E continua, “a rejeição da dor é um instinto soberano das sensações, a rejeição da morte é uma reinvidicação dominante, inerente a essência de nossa vitalidade.... O erro da razão prática é sua sujeição excessiva ao fato visível, que ela pode sentir de imediato como real, e uma coragem insuficiente para conduzir os fatos potenciais mais profundos até sua conclusão lógica... a mestria dos fenômenos depende do conhecimento de suas causas e processos, e se conhecermos as causas do erro, sofrimento, dor, morte, poderemos laborar com alguma esperança para sua eliminação."


Esse conhecimento não se limita ao conhecimento do indivíduo pensante, mas ao todo da sua existência física, vital, mental, espiritual, social e coletiva. Ou seja, tratar de reduzir sentimentos e emoções a um aspecto mental positivo e negacionista, nos coloca diante de um problema muito maior, que diz respeito, também, a como lidamos com nosso contexto político e interhumano.


“porque consideramos apenas as causas externas ou secundárias, pensamos apenas em removê-las até certa distância, e não eliminar as próprias raízes disso contra o que lutamos”. E aqui cabe trazer algumas palavras para reflexão mais ampla como igualdade social, respeito à diversidade, política inclusiva, liberdade espiritual, preservação da natureza...


“E assim, somos limitados, porque nosso esforço se dirige a percepções secundárias...porque conhecemos processos, mas não a essência das coisas. Chegamos assim a uma manipulação mais poderosa das circunstâncias, mas não ao controle absoluto.”


E nesse momento da inferência do tema positividade tóxica, deixo aqui uma última contribuição para nosso estudo sobre educação integral do ser:

“A multiplicidade permite a interferência de um fator determinante e temporariamente deformante: o ego individual; e a natureza do ego é uma autolimitação da consciência por uma ignorância voluntária acerca do resto do seu próprio jogo, e sua absorção exclusiva em uma única forma, única combinação de tendências, único campo do movimento de energias. O ego é o fator que determina as reações de erro, sofrimento, dor, mal, morte.”


O ego é a condição essencial para a existência do Universo, porém, é ainda apenas uma representação falha e intermediária de consciência de algo além dele. A essência de toda ação, ainda que agindo na Ignorância, busca a Unidade de todas as coisas, uma Verdade, uma Alegria e Existência Infinita. Um Ego submetido ao Conhecimento sincero de Si mesmo, torna-se um centro de consciência da unidade e liberdade divinas, capaz de expressar e manifestar no mundo, um local de felicidade, paz, amor e coletividade saudável e altruísta.


Texto por Gisele Satprema

Trechos do livro A Vida Divina, capítulo: O Ego e as Dualidades – Sri Aurobindo.



Foto por @michelleparronfotografia



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