Disseram que é assim mesmo, é seu karma. Aceita e confia. Confia em quem? Hum? Se tudo lá fora te diz ao contrário, se a paz escolhida é para poucos, para aqueles que sentaram nos melhores lugares do teatro, estão assistindo de longe a tragédia dos povos excluídos do sistema, usados e marginalizados, que tiveram seus conhecimentos roubados e vestidos de branco.
Talvez nem saibam, ou, fingem que não sabem. A ignorância pensa que está ouvindo a verdade das palavras dos santos, dos sábios, dos mestres. Só que esse mesmo conhecimento universal e coletivo se torna instrumento de poder, autoafirmação, distorção e manipulação.
Karma é uma palavra de origem sânscrita, da Índia Antiga, de um povo hoje que não goza dos “privilégios de um bom karma”, muito longe disso. São vistos como sujos e desacreditados, assim como boa parte da nossa origem preta e indígena. Riem dos seus ritos, dos seus saberes, mas usam suas ervas para curar, suas músicas para relaxar, distrair, alienar...
E querem também usar as palavras desses povos para reforçar seus privilégios, manter esse sistema eurocentrado, capitalista e excludente, de conhecimento roubado e vidas sacrificadas.
Precisamos refletir mais, dar créditos e real sentido a tudo que estamos fazendo, escolhendo, consumindo, conhecendo e espalhando nas redes virtuais, intelectuais e espirituais.
Prema
2021
fotografia: Gisele Satprema @coessencial
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